quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Niagara In Mundo Urbano
in mundo urbano
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Niagara Review In Fact Pt
Electrónica pela electrónica, ritmo pelo ritmo, jogo pelo jogo, numa produção surpreendente dos portugueses Niagara. Ou seja, António, Alberto e Sara, um trio de Lisboa que propõe seis temas de esqueleto sonoro simples e minimalista, mas que acredita em pequenos reajustamentos, desvios do caminho principal, acidentes não previstos.
Não é propriamente música para dançar apesar de se poder dançar, desde que exista algum sentido de equilíbrio. Em Portugal não existem propriamente pontos de contacto que os ajudem a enquadrar, embora na atitude livre com que encaram a matéria sonora se possam encontrar analogias com algumas aventuras recentes da música de características electrónicas feita em Portugal, como os Gala Drop, Tiago, Slight Delay ou Photonz.
Mesmo quando o olhar se amplia para o mundo não é fácil posicioná-los. Pode pensar-se nos desvios mais exploratórios de Akufen, Herbert, Matmos ou Jan Jelinek, mas mesmo assim escapa qualquer coisa. São tão marcados pela música house dos primórdios, como pelo rock alemão nada convencional dos anos 70, simbolizado pelos Can ou Neu!.
Há profundidade de campo, um balanço insinuante que não se deixa adormecer na mesma estrada, como se o condutor andasse em sentido contrário, apesar de se sentir um discreto calor emocional.
São temas instrumentais, com alguns apontamentos vocais, de superfícies sonoras abstractas, mais preocupados em sugerir do que impor seja o que for, feitos de impressões digitais e aragens aveludadas. Como se não bastasse a música, realce também para a capa (da autoria da artista plástica americana Natalie Westbrook), num todo que denota um cuidado estético tão surpreendente quanto excelente.
Manuel Vicente in Fact Mag Pt
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Niagara ep review in Flur blog
"Nas seis faixas do CDR ouvimos uma concentração de ideias que transportam para a frente e para trás no tempo sem ordem aparente. Isso deixa a boa sensação de que Niagara não parecem preocupados em citar modelos clássicos (ou menos clássicos) de house ou techno, antes divertirem-se com soluções feitas no momento. Kraftwerk em “Todi” só são perceptíveis por quem é meio doente pela discografia deles nos anos 70 (er… nós e outros como nós). Muito do que se ouve aqui soa rude no sentido de parecer composto durante a gravação. Uma pequena sugestão de abordagem sónica semelhante a Wareika rapidamente se esquece porque quando se pensa que estamos a ouvir uma derivação sofisticada e mais orgãnica de techno minimal o jogo muda de cenário até nos sentirmos envergonhados por ter pensado isso. “Todi” prossegue aos solavancos até uma fase em que parece um DJ set mais do que uma música só, quando entram as palmas sintéticas e os pratos de choque. Falem de house progressivo, este progride!
Sente-se frescura e boa dose de risco largamente possíveis porque Niagara não são produtores de música de dança, não têm pontes a defender, apenas território a conquistar. A música rítmica em várias das seis faixas do CDR entra em choque consigo mesma para resolver questões de groove como outros nem sequer tentam. É precisamente na escuta do que acontece que se encontra prazer, aqui nunca nada está perdido ainda que pareça estar, a meio de um tema como “Balão”. Niagara não fazem de modo algum regressar qualquer espírito house português dominador nos anos 90, o trio lisboeta parte de uma zona que, em princípio, nunca existiu cá. Como se Jan Jelinek, nos tempos vintage de Farben por volta do ano 2000, colasse o seu material com algumas produções house americanas mais gordas na substância rítmica. Vocês têm de ouvir isto."